Hoje, completa uma semana que estamos em Altamira, e só nesta segunda que conseguimos, atravez da CIMI (Conselho Indigenista Missionário), a autorização para irmos a uma tribo, mas vejam bem, esta autorização é da própria aldeia e não da FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Depois deste dias aqui percorrendo a cidade, conversando com os moradores, percebemos de modo geral que a FUNAI hoje é contra o índio, ou pelo menos não abraça uma causa que eles defendam.
O interesse de impedir a construção da Usina da Belo Monte, é nulo. Três coordenadores da Fundação que lutaram a favor dos índigenas foram afastados de seus cargos.
A FUNAI também se vendeu para a Norte Energia. Porque a sede estava quebrada aqui em Altamira, não havia uma estrutura adequadra para atender o índio. Com isso, vendo a necessidade, a empresa disse que ajudaria a reerguer a Fundação e parece que eles tem feito isso, mas em troca de apoio ao favoritismo a barragem.
Hoje que caiu a ficha que durante quase 3 dias fomos enrolados por indígenas, e aqui coloco minha conta em risco, que foram mandados pela FUNAI, favorável a hidrelétrica.
O Xikrins, que vivem no meio da selva ha 600 km do centro de Altamira, diziam ser contrários a aprovação da usina, que será terceira maior do mundo. Mas, eles infelizmente se renderam e o reflexo foi o pedido de 15 mil reais que os Xikrins nos fizeram para passarmos 3 dias na tribo. Um absurdo.
A Norte Energia, que é a empresa responsável pela obra, compra tudo e a todos que são uma pedra no sapato. Os Xikrins eram CONTRA, mas depois de um acordo entre as partes, intermediado pela FUNAI, parece que tudo está 100% organizado.
A prova real eu e o jornalista Aurelio Decker tivemos hoje a tarde.
Na ultima quarta-feira, tínhamos uma visita ao canteiro de obra na hidrelétrica, mas não fomos porque o transporte nos custaria R$ 400,00 reais. No entanto, no último sábado a noite, antes da entrevista com a prefeita, a assessoria de imprensa da administração municipal se colocou a disposição para nos levar. Feito este acerto, liguei para o assessor de imprensa da Norte Energia. Resumindo a história, o resultado foi negativo, nesta tarde veio uma resposta de Brasília dizendo que não seríamos aceitos na obra. Mas a negativa veio, após a FUNAI ser possivelmente informada que iríiamos a uma tribo que em tese ainda, vejam bem, ainda é contrária a contrução.
A empresa não quer mais que se fale no assunto da briga, que foi manchete nacional ha pouco dias.
Parece complexo e é, tanto que levamos 7 dias para juntarmos o quebra cabeça.
A última peça, quem colocou foi um cidadão chamado Cleanto. Um homem que trabalha na CIMI, (Conselho Indigenista Missionário) que é mantido pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Mesmo a entidade ser mantida pela igreja, os coordenadores não são ligados a religião.
Esse cidadão amanhã de manhã, às 6 horas, irá conosco a uma tribo. Serão 6 horas de viagem pelo Rio Xingu em uma voaderia, que é uma lancha. Já preparamos nossos mantimentos porque passaremos a noite lá, de terça para quarta-feira.
Que a usina será a grande obra do século, não podemos negar. São dezenas de pessoas que todos os dias desembarcam na rodovíaria de Altamira. Falo isso com precisão porque nossa equipe esta hospedada em um hotel na frente da rodoviária.
Algumas destas pessoas ja vem com emprego garantido na usina, mas têm outras que não. A promessa é um novo albergue para estes que vem sem rumo. No entanto, ainda é só um projeto.
A partir de amanhã embarcamos para mais uma etapa da nossa viagem. Até que enfim vamos pôr em prática aquilo que realmente nos propomos a fazer quando saímos do aeroporto em Porto Alegre rumo ao norte do Brasil, que era VERde perto como estão os indígenas, já que são eles os donos do país, ou pelo menos deveriam ser.
Outro fator que não posso deixar de comentar é o desencontro de informações, coisas básicas do dia a dia se tornam obstáculos. Pedir a informação sobre um mercado, a cada esquina um paraense muda a versão. Comprar passagem de ônibus deveria ser a coisa mais tranquila, contudo... Hoje mesmo liguei duas vezes e a mesma pessoa passou valores distintos para o mesmo destino com mesmo coletivo. E a pressa de resolver as coisas também, ainda nesta segunda eu liguei para um determinado local onde me passaram o telefone de uma ONG, mas o número era o mesmo que eu tinha ligado ha poucos minutos, então argumentei dizendo que ja havia ligado, a resposta do outro lado da linha foi extamente essa:
-É que não tem ninguém lá.
- Então por que me passou esse número?
-A seilá! Você me pediu.
Eta nós...
Ok